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Predador de Predadores: A Revolução Silenciosa da Caçada


Essa é a obra mais ousadas e visualmente impactantes do universo Predator — e, talvez, a mais inovadora desde o clássico de 1987. Longe de repetir a fórmula do “humano contra alienígena na selva”, a animação mergulha no cerne da mitologia Yautja, revelando não apenas sua cultura e honra, mas também suas falhas, dilemas éticos e códigos internos.


A narrativa se estrutura como uma antologia animada em três segmentos principais, cada um centrado em um humano que, em diferentes épocas, enfrentou um Predador — e sobreviveu. Esses personagens, no entanto, não são simplesmente heróis históricos: todos estão presos em criogenia no planeta natal dos Yautjas, Yautja Prime, e suas histórias de combate são reveladas como memórias induzidas.


A reviravolta vem quando esses guerreiros são acordados e lançados em uma arena: um espaço ritualístico onde são forçados a lutar entre si, sob a vigilância dos próprios Predadores. O sobrevivente enfrentará o “Predador guerreiro”, em um julgamento que põe à prova o próprio conceito de honra entre os caçadores. O risco é real — explosivos implantados nos humanos garantem a obediência ao ritual.


Cada segmento é uma pequena obra-prima visual e temática:

  • Ursa, uma guerreira viking, enfrenta um Predador desprovido de armadura em um duelo brutal na neve. Sua história é pautada por tradição, perda e instinto maternal.

  • Kenji, um ninja em um Japão feudal, duela contra um Yautja furtivo em uma dança de sombras e silêncio, marcada por precisão, honra e disciplina.

  • Torres, um piloto latino da Segunda Guerra Mundial, luta por sobrevivência nos céus, enfrentando um Predador tecnológico a bordo de uma nave alienígena.


Cada arco é esteticamente distinto, com estilos que lembram desde o traço atmosférico de Akira ao dinamismo fluido de Arcane. A escolha por animação em Unreal Engine dá aos combates uma intensidade quase mítica — onde cada frame carrega peso narrativo e estético.


Pela primeira vez, temos uma apresentação clara do Código Yautja — um conjunto de regras que define quem pode ser caçado, o que constitui uma vitória honrada, e como a hierarquia das castas é mantida (ou desafiada). A existência de um julgamento formal entre os Predadores rompe com a visão simplista de “monstros em busca de troféus” e eleva a mitologia da franquia a um novo nível.


Esse aspecto é reforçado pela figura do Grendel King, um Predador de alta patente, cuja presença impõe respeito e ameaça. Sua decisão sobre os humanos capturados não é apenas sobre sobrevivência, mas sobre legado, justiça e divergência de ideologias dentro da própria raça.


Para os fãs mais atentos, o filme é um prato cheio de referências. A mais significativa delas é o retorno da pistola flintlock de 1715, já vista em Predator 2 e posteriormente explicada em Prey (2022). Agora, o objeto aparece nas mãos de Torres — criando um elo sutil, mas poderoso, entre diferentes eras da franquia e sugerindo uma tradição Yautja de preservar troféus simbólicos de batalhas

 marcantes.

Além disso, na cena pós-créditos, vemos Naru, protagonista de Prey, ainda em criogenia. A sugestão de que outros humanos lendários — como Dutch (Arnold Schwarzenegger) ou Harrigan (Danny Glover) — possam estar preservados reforça a ideia de uma trama maior em desenvolvimento. A criogenia se transforma aqui em um recurso criativo para unificar a linha do tempo da franquia e abrir caminho para novos cruzamentos narrativos.


Com direção ousada e uma estética arrebatadora, Predador de Predadores redefine o que uma animação adulta pode alcançar em termos de narrativa, mitologia e impacto visual. A trilha sonora de Benjamin Wallfisch acentua o tom solene e brutal da história, enquanto a escolha por três estilos visuais distintos respeita a ambientação de cada episódio.


Embora o filme funcione perfeitamente de forma independente, ele também planta as sementes para o futuro da franquia. O próximo projeto, Badlands, promete expandir ainda mais esse universo, com a introdução de novas linhagens Yautja e conflitos internos — possivelmente uma guerra civil.


Predador de Predadores é um triunfo criativo. Ao reinventar o universo Predator com ambição, respeito à mitologia e estética própria, a animação entrega algo raro: uma expansão legítima e relevante de uma franquia clássica. Pequenos ajustes de ritmo e desenvolvimento de personagens poderiam deixá-la ainda mais impactante, mas o saldo final é claro — estamos diante de um marco.

Marcio Oliveira 4.5

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