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Um Lugar Silencioso Parte 2 – Sentidos aguçados, dentro e fora da tela!


Há quem não se lembra, mas alguns cinemas ao exibir Um Lugar Silencioso (parte 1) fizeram uma campanha bastante intrigante: “se você assistir o filme, e não gostar, nós devolvemos seu dinheiro”, algo do tipo. Ao mesmo tempo que há uma confiança bastante forte na obra, a mesma frase aponta também uma fragilidade enorme nos filmes do seu gênero, que não vem conquistando o grande público há alguns anos.

Com a conquista magnífica da primeira obra, com orçamento de apenas 22 milhões, a primeira parte da saga arrecadou mais de 350 milhões (o filme mais que se pagou, chegando a uma arrecadação quase 16 vezes maior que seu orçamento). Nesse sentido, o segundo episódio da obra chega com louvor nos cinemas, que não só conquistou uma série de fãs, como carrega consigo uma grande expectativa sobre a continuação narrativa da história.

A parte dois da obra apresenta não só uma busca sobre o passado, explicando como as criaturas chegaram ao mundo e a importância de outros personagens, como, ao chegar ao “presente”, o filme inicia exatamente no mesmo ponto onde parou o primeiro! Nada de salto temporal! E o ritmo da narrativa se mantém de fora impressionante, o que não demora para saltar os olhos do público e arrancar a atenção de forma abrupta, não por causa de simples cenas de susto, ou “jump scare”, mas pela energia dos momentos de ação que são potencializados com planos contínuos impressionantes.

A fotografia do filme é simplesmente genial, com detalhes em algumas cenas que tentam ampliar nossos olhares para a importância dos sentidos ao longo da narrativa, não se tratando apenas da questão do silêncio – o tato dos personagens aqui, por exemplo, torna-se um elemento crucial para a narrativa em vários momentos, o que torna excepcional filmagens de mãos e pés que auxiliam na ambientação da obra, em imergir na sutileza daquele mundo caótico e perigoso, um deslize, pode ser fatal.


Ainda sobre a fotografia, existem cenas que, para os amantes de jogos, os enquadramentos se escalam, apresentando os personagens e os ambientes inseridos, de forma genial, como se você conseguisse se incorporar, de forma empática, ao personagem e, ao mesmo tempo, contemplar o ambiente que ele está inserido – o que é proposital no enquadramento de jogos eletrônicos de consoles/PC através da perspectiva de “terceira pessoa”. Essa sutileza proporciona que o telespectador se sinta acompanhando a jornada, tornando-se mais imerso no universo e nas diversas situações frenéticas que a trama apresenta.

Quanto aos efeitos sonoros, para aqueles que assistiram à parte 1, sabe que não há do que reclamar, porém, aqui na parte dois outros elementos continuam a ser explorados, de forma que o som está relacionado a perspectiva dos personagens. Isso significa que, o som se comporta de forma diferente dependendo do personagem que a “tela” está “ancorada”, além disso, não sei se foi um efeito placebo, mas percebi também uma melhor qualidade nos efeitos sonoros das criaturas – sim, já faz 3 anos desde o primeiro filme, o tempo passa rápido e a tecnologia voa!


A narrativa é um dos pontos mais gostosos do filme, de forma que o roteiro não deixa a desejar em nada! A história dialoga com elementos visuais constantemente, símbolos do filme que, ao trocar de cena, estão relacionados a uma situação problema, e junto a ela, uma estética visual de cores. Cada trecho do filme tem uma funcionalidade, expressa um recurso que resulta em estratégias para os personagens saírem das situações difíceis. Uma obra que não está presa a fórmulas de filme, muito pelo contrário, é nítido o cuidado, o capricho que os autores da obra têm com ela, de forma que o filme soa como uma “superbanda”, onde todos os músicos tocam bem, todos estão em harmonia entre si – e no meio de tudo isso, o roteiro é um vocalista excepcional.

Seja em casa, ou nos cinemas (use máscara e álcool em gel, tome cuidado), Um Lugar Silencioso Parte 2 é um filme imperdível, uma poesia frenética em sons e imagens que explora genuinamente os sentidos humanos, dentro e fora das telas, mesmo através de um orçamento baixo para os padrões de Hollywood. A obra faz escola para amantes do cinema, mas para aqueles que querem apenas uma ótima experiência, ou que curtem um bom filme de suspense/terror, não tem erro: será uma hora e meia muito bem aproveitadas da sua vida. Delano Amaral 4.5

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