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Sergio | Vida no leito de morte



Dentre diversos heróis do Brasil, há alguns que sequer conhecemos e eles precisam de reconhecimentos. Sérgio é um deles. Essa obra da Netflix conta a história baseada em fatos de um diplomata brasileiro que trabalha na Organização das Nações Unidas (ONU) e é enviado para apaziguar um dos conflitos mais complicados enfrentados pela instituição: a ocupação do Iraque pelos Estados Unidos e o processo complexo de redemocratização. Infelizmente, um bombardeio atinge um dos locais onde Sergio se encontrava e, preso entre os escombros, o homem assiste sua vida inteira passar em seus olhos. 

A veracidade do filme põe em evidência a violência, a injustiça e a miséria dos locais onde a ONU precisa atuar e o difícil trabalho de um diplomata, um homem que precisa ter o poder da negociação sem uma única arma na mão. É difícil fazer com que dois lados de um conflito que está em jogo inúmeras mortes, dinheiro, território, religião... simplesmente suspendam os ataques e confiem neste estrangeiro que, em tese, é imparcial e quer o melhor para os dois lados. 

Esse é o novo desafio de Wagner Moura. Como Sergio, o autor desempenha uma atuação bastante diferente das passadas e de forma exemplar, contracenando em uma energia bastante envolvente entre ele e Ana de Armas – que interpreta Carolina no filme. Existe uma serenidade na fala do ator, no olhar, acompanhada de uma coragem que esconde uma constante incerteza – afinal, tudo é incerto no trabalho de um diplomata. “Os dois lados vão honrar a palavra? Vão respeitar o cessar fogo? Quando eu voltarei para casa? Será que os dois lados do conflito vão me receber e me dar voz no confronto?” Tudo isso circula nas ações de Sergio: firme, preocupado e sereno. 

O ritmo do filme caminha entre passado e presente, num roteiro que vive da poética das reflexões de um homem em um momento crucial, colocando em xeque os diversos conflitos do diplomata e suas escolhas, seja da sua vida pessoal, seja profissional, que levaram até aquele momento. Sobre os aspectos técnicos de fotografia e sonoplastia, há um ótimo aproveitamento do potencial paisagístico dos lugares e, em certos momentos, um diálogo com técnicas documentaristas – ambos os exercícios potencializam os momentos deixando-os mais intensos, ajudam na imersão do momento, entre o caos e o paraíso. 

Por fim, o filme também revela a relação polêmica entre a UNO e o Governo Americano, sendo este mais um desafio para Sergio e sua conduta moral como diplomata. Este é um ótimo filme que entra para lista de grades obras brasileiras, que revela heróis, símbolos nacionais, até então não tão conhecidos.
Delano Amaral 4

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