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Cangaço Novo - Todo Reconhecimento ainda é pouco.


Devo ser honesto que de início pensei que fosse mais uma daquelas séries em que sequestra exclusivamente o sertão nordestino para criar caricaturas de um ambiente de desgraça do país, como muitas séries já fizeram ao longo dos anos. Em um segundo olhar, analisando a capa, ponderei que poderia ser mais uma daquelas obras "brasileiras-americanizadas", em que vendem um Brasil com cara de qualquer coisa, menos Brasil (como ocorreu no triste filme do Maníaco do Parque, por exemplo).

Foi dar a chance para já no primeiro episódio eu perceber que valia a pena assistir mais outro, ou uns dois a mais talvez, e quando vi ja estava completamente imerso na narrativa que redesenha o cangaço brasileiro em uma perspectiva mais atual,. mas com a coragem de evidenciar elementos que são extremamente interessantes e brutais. Aqui, apesar de ainda haver uma releitura romântica de um cangaço estilo "Robin Wood", na perspectiva de tirar dos ricos e entregar aos pobres, há ainda uma responsabilidade com a narrativa da crueldade dos cangaceiros, afinal, não são heróis, não há essa romantização dessa perspectiva de consciência social de forma naturalizada, mas há um percurso possibilidades que enaltece o papel do protagonista, e que faz a história ter seu brilho ficcional atrelado ao opaco da realidade.
 

A Série de poucos episódios (8 na primeira temporada), conta a história de Ubaldo Vaqueiro (Allan Lima), um ex-militar e ex-bancario, por ser demitido logo no início da história do banco, que vive com o pai adotivo na grande São Paulo. Se encontrando em uma situação financeira difícil por seu pai estar doente e, agora, ele estar desempregado, Ubaldo resolve ir atrás de uma herança de seu genitor no interior do Ceará.

Acontece que essa herança, um grande lote de terras no sertão, que vale uma grana bem interessante, precisa da assinatura de suas irmãs de sangue e, para tentar conseguir essas assinaturas, ele vai ficar mais tempo que gostaria na cidade Natal de seu pai biológico. A medida que o tempo passa, por mais que lute contra isso, Ubaldo se vê mais desconectado da grande São Paulo e mais imerso nas "tradições criminais" de sua família.

Um dos elementos mais interessantes é o desenvolvimento dos personagens, as exemplo de Ubaldo, que é notório o esforço do roteiro e da atuação de entregar um personagem verossímil, que realmente quer sair dali, e não consegue, é como se estivesse preso em uma areia movediça. Inclusive, as atuações, os textos dos personagens, tudo é tão cru, desenhado com a ponta do dedo e linhas de ouro, que nada nas interações das cenas absurdamente nada parece forçado e inúmeros personagens, como a exemplo é Dinora (Alice Carvalho), irmã de Ubaldo e um personagem completamente antagônico a ele, há uma fonte inesgotável de carisma que jorra da tela. Cada desenvolvimento de cada agente que compõem a obra tem um rumo humano, com erros e acertos, que utiliza-se da empatia para se conectar com o público. A sensação ao assistir a obra é que, junto com Ubaldo, estamos investigando o passado dele, junto com a história de cada personagem daquela cidade, e essa investigação rende, e muito.

A trilha sonora é linda, assertiva e local, local mesmo, há momentos em que tudo acerta na veia: as falas dos personagens, as atuações com olhares penetrantes, o enquadramento levemente nervoso que passa uma ação de momento (como se fosse um falso documentário) e, do nada: toca um Fagner. E bate, bate forte em quem assiste. A obra, no contexto das eleições em cidades interioranas revela um cenário preocupante, mas cada vez mais atual e violento, de forma a questionar até que ponto a arte está distante da vida. Para amantes de histórias de perseguição e de alto desenvolvimento de personagens, em um estilo Breaking Bad, Cangaço Novo é uma pérola que deveria ter ainda mais notoriedade. Espero que a segunda temporada faça essa obra explodir, mas de sucesso e muito, como realmente merece ser.
Delano Amaral 4.5

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