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Um Quarteto Fantástico que daria orgulho a Jack Kirby


Depois de anos de decepções com adaptações do Quarteto Fantástico, finalmente surgiu um filme que honra o legado criado por Jack Kirby. Não é um filme perfeito, longe disso, mas é, sem exagero, o melhor que já tivemos da equipe até agora. Desde o início, a narrativa já mostra que quer romper com a fórmula desgastada das histórias de origem. O grupo já está formado, conhecido mundialmente e age como uma força unificadora do planeta, algo que Tony Stark sonhava fazer com os Vingadores. E o filme não perde tempo, e a princípio pode até parecer apressado, mas logo vemos motivo, no início do primeiro ato somos apresentados à ameaça central, Galactus.



A introdução imediata do vilão funciona muito bem porque estabelece uma urgência real, presente do começo ao fim. Não é aquele tipo de urgência artificial usada para empurrar a história para frente, como o buraco negro em Superman. Aqui, tudo gira em torno da chegada iminente de Galactus, e isso dita o tom de todas as decisões, diálogos e conflitos. E o melhor, finalmente temos um Galactus digno do nome. Ele não é uma nuvem sem forma, mas sim uma entidade colossal, com visual fiel aos quadrinhos e estética que mistura ficção científica com mitologia cósmica. A composição visual dele é um destaque, com fotografia, e um design que respeita o traço original de Kirby. Aliás, o filme todo se preocupa em ter cara de gibizãomesmo, assim como foi o Superman do Gunn. A trilha sonora que o acompanha é grave, minimalista e pesada, contribuindo para essa aura de ameaça inevitável.

Quem também merece destaque é a Surfista Prateada, aqui apresentada na figura de Shalla-Bal. Diferente da versão clássica de Norrin Radd, a escolha por trazer uma outra arauta de Galactus amplia o universo sem desrespeitar o material original. Shalla é visualmente hipnótica, sua presença em cena tem peso, tanto visual quanto narrativo. Ela não é uma personagem com dilemas próprios, dividida entre cumprir sua função cósmica e o impacto que vê nos planetas devastados. Sua relação com Galactus possuim um conflito interno, o que adiciona camadas ao papel que ela desempenha na história, assim como foi com o Norrin Radd, mas melhor explorado aqui.



O roteiro também é um dos pontos fortes do filme. Ele é bem amarrado, cria conexões entre os atos e oferece soluções criativas para conflitos complexos. O uso da ciência pelo Reed Richards, por exemplo, é convincente. Ele fala de física, matemática e mecânica com naturalidade, sem parecer artificial. Isso me lembrou até o Sherlock da série britânica, com aqueles raciocínios que impressionam por parecerem possíveis. A inteligência dele é usada ativamente, e não apenas mencionada. No entanto, mesmo com todo esse brilhantismo, o personagem comete um erro primário: revela publicamente os planos de Galactus e o interesse por seu filho como opção para não destruir a Terra. Essa decisão é questionável e lembra muito a falha do Reed interpretado por John Krasinski em Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, que entregou o trunfo do Raio Negro sem pensar nas consequências. São escolhas que soam menos como falhas humanas e mais como conveniências de roteiro, tanto para gerar o conflito quanto para resolvê-lo. A população se volta contra o Quarteto por um tempo, até que Sue consegue reverter tudo com um único discurso. Conveniente demais.

Outro ponto difícil de engolir é a total ausência de um plano B para proteger a criança, o que chega a beirar o absurdo. Se toda a população foi levada para abrigos subterrâneos, por que deixar o bebê num prédio alto, à vista de Galactus, em vez de colocá-lo em segurança no subsolo também? Quando se trata do Reed, um cara com um intelecto desse calibre cometendo erros tão básicos nas duas últimas versões do personagem só deixa duas possibilidades: ou é preguiça de roteiro, ou o Reed simplesmente não tem as manhas.

Já sobre os poderes e as roupas, fica aquela dúvida: como elas aguentam? No caso da Sue, faz sentido, porque o campo de força envolve tudo que ela toca. Mas e o Tocha, que não queima a roupa? E o Reed, que estica sem rasgar? Nos quadrinhos, Reed criou uniformes com “moléculas instáveis”, um tecido especial que acompanha os poderes e não sofre danos. Mas essa tecnologia é exclusiva dos uniformes. Roupas comuns seriam destruídas pelos poderes; o Tocha vira fogo só com o uniforme, e o Reed já até ficou até só de cueca por isso. No filme, porém, qualquer roupa serve, sem nenhuma explicação, o que quebra a lógica da história. A única forma de justificar seria imaginar que todas as roupas que eles usam foram projetadas pelo Reed com essa tecnologia, mas o filme sequer menciona isso.



Apesar disso, o longa se destaca ao mostrar que o Quarteto já domina completamente seus poderes. Não há curva de aprendizado, tropeços ou inseguranças. Eles são experientes, confiantes, e isso se reflete em cenas de ação mais criativas e impactantes. A maior prova disso está na personagem da Sue Storm. Sua atuação durante o clímax do filme é poderosa, especialmente quando ela, movida pelo desespero de proteger o filho, consegue usar seus poderes no limite máximo para conter Galactus. Para alguns, pode parecer exagerado, mas faz sentido quando se pensa no impulso emocional. Há relatos reais de mães que levantam carros para salvar filhos em situações de risco. Agora, imagine o que acontece quando essa adrenalina se manifesta em uma mulher com habilidades cósmicas. A cena funciona porque tem coração e peso emocional.

O relacionamento entre Reed e Sue também é um dos pontos altos. A química entre os dois não depende apenas da atuação, mas de como o roteiro constrói esse casal com base na admiração mútua e no conflito de ideias. Eles discordam, se apoiam, se escutam, são um casal de verdade. E isso dá profundidade à narrativa sem precisar forçar drama. Joseph Quinn também merece menção pela forma como interpreta o Johnny Storm. Ele mantém o carisma impulsivo e mulherengo do personagem, mas adiciona camadas de inteligência e responsabilidade. É uma versão menos caricata e mais funcional para o grupo, mesmo assim, eu gosto mais da versão do Chris Evans. Já o Ben Grimm, o Coisa, consegue trazer a mesma força emocional de sempre, aquele dilema do homem preso em um corpo monstruoso, mas, infelizmente, sofre nas mãos do CGI.



Sobre os efeitos visuais, o trabalho com Galactus impressiona. Ele é simplesmente colossal e parece que finalmente a Marvel perdeu o medo de trabalhar com personagens desse porte, como foi o caso do Dormammu. O problema está no Coisa, que oscila bastante. Em algumas cenas ele é imponente e realista, mas em outras, como quando segura o bebê, o resultado fica estranho. Às vezes parece ter sido renderizado em outro software, com texturas e proporções inconsistentes. O bebê lembra um personagem de filme como Crepúsculo, com aspecto artificial de bebê reborn. Em várias cenas a impressão é que ou o Coisa está mal feito ou o bebê está. Os dois juntos não combinam. Também há momentos em que o uso do fundo verde fica evidente, como na coletiva de imprensa quando eles voltam do espaço. A composição digital destoa e quebra a imersão. Mesmo assim, é justo dizer que os efeitos não comprometem o todo, especialmente para quem não é tão atento a esses detalhes técnicos.

As cenas pós-créditos seguem a cartilha Marvel. A primeira é instigante e abre espaço para algo maior, e acredito que você até já saiba do que se trata, já que ela vazou nas redes sociais. Já a segunda cena é completamente descartável. Um segmento animado, quase como um easter egg, sem impacto algum na narrativa. Lembra aquela piada do Capitão América em Homem-Aranha, De Volta ao Lar, apenas para brincar com a paciência dos fãs.

No fim das contas, a minha experiência com o filme foi positiva. Não foi espetacular, mas foi sólida. Um filme legal, bem escrito, com personagens que finalmente fazem jus ao que representam nos quadrinhos. Gosto do novo Superman, mas confesso que gostei um pouco mais deste Quarteto, principalmente pelo roteiro, que é mais coeso, com urgência bem fundamentada. É uma história com começo, meio e fim conectados, algo cada vez mais raro em grandes produções. Quarteto Fantástico: Primeiros Passos pode não ser revolucionário, mas é o passo certo em direção a uma nova fase mais madura e respeitosa com os fãs. Vale o ingresso, e é de longe o melhor filme da equipe até agora.3.5 Marcio Oliveira

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