Cara, fui assistir Cassandra no fim de semana meio que só pra passar o tempo, sem compromisso, sabe? Só que o negócio me pegou de jeito. A série é daquelas que você dá o play achando que vai ver só mais um suspense genérico… e de repente tá completamente fisgado.
Pra quem ainda não se ligou, Cassandra é uma minissérie alemã da Netflix que mistura suspense psicológico, terror e ficção científica, com uma estética bem única. Tem aquele clima de tensão constante, fotografia escura, trilha sonora que deixa a gente agoniado e um ritmo que faz você desconfiar de tudo e de todos.
A história gira em torno de uma família que, depois de uma tragédia daquelas, decide largar a cidade e se mudar pra uma casa antiga, isolada no interior. A mãe, Samira (vivida pela atriz Roxana Samadi), carrega o trauma pesado de ter perdido a irmã por suicídio... dentro da própria casa. E é aí que a série já começa a tocar fundo nas questões de saúde mental, luto e culpa. Você sente o peso disso em cada decisão dela.
Mas o grande diferencial da série é a tal da Cassandra: uma assistente virtual criada nos anos 70, com tecnologia vintage — aquelas telas de tubo, voz robótica, mas com um jeitão meio maternal que só aumenta o clima de desconfiança. Imagina o HAL 9000 fazendo seu café da manhã… é mais ou menos por aí. O que parecia, no início, algo que traria conforto, se tornou um inferno. O que eles não sabiam era que a tal IA tinha consciência própria. Ela manipula tudo: coloca o casal um contra o outro, influencia a filha mais nova a fazer coisas inomináveis… e o mais bizarro tá na origem dela, mas isso eu vou deixar pra você descobrir assistindo.
Um dos pontos mais fortes da série, pelo menos pra mim, é como ela faz a gente refletir sobre a dependência da tecnologia. A gente vai se acostumando a jogar responsabilidade pra máquina, só pela praticidade… e aí começa a merda. Tem uma cena que me marcou demais: o casal deixa a filha pequena sob os cuidados da Cassandra, achando que tava tudo seguro. Resultado? A menina começa a aprender coisa errada, mente pros pais e quase comete um crime de verdade. Aí fica a pergunta: até que ponto a tecnologia ajuda… e a partir de quando ela começa a ferrar a gente?
Outro detalhe que achei massa: a série também dá espaço pra explorar a sexualidade do filho adolescente, o Fynn. Não é o foco principal, mas tá ali, de forma sutil e respeitosa. O amigo dele tá num processo de descoberta, e isso dá mais camadas pra história, mostrando que aquela família tá enfrentando problema de tudo quanto é lado… não é só a IA surtada.
E tem a relação do casal… o marido começa a tomar umas decisões que claramente a Samira jamais tomaria… ou será que tomaria? A série brinca muito com essa dúvida, mostrando como a pressão psicológica e a manipulação da Cassandra vai mexendo com a cabeça de todo mundo.
E tem um detalhe importante que pouca gente comenta: a série trabalha em duas linhas do tempo. De um lado, a história atual, com o casal Samira e David lidando com a IA que tá virando um pesadelo dentro da casa. Do outro, a história pregressa… que é justamente a parte mais bizarra da trama.
É nessa linha do passado que a gente descobre como a Cassandra surgiu, e aí o clima de terror psicológico sobe mais ainda o nível. Tem laboratório, tem testes em humanos, tem manipulação emocional, tem gente vivendo uma espécie de “semivida”, presa num ciclo sem fim de sofrimento e controle. Tudo fruto de um mau uso da tecnologia, da vaidade científica e dessa velha mania do ser humano de querer brincar de Deus.
Essa parte levanta discussões pesadas sobre ética, saúde mental e até sobre o que significa estar vivo de verdade. Mas, pra aprofundar mais nisso, só entrando em campo de spoiler… então vou deixar pra quando você assistir.
Se tu curte uma série que mistura susto, tensão e aquele desconforto bom que te faz pensar… pode dar o play sem medo (ou com medo mesmo, que é até melhor). Tá lá na dona Netflix.
Marcio Oliveira 4.5
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