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JOKER | Confira nossa primeira análise


Hype enorme há meses e com várias premiações em festivais de cinema antes mesmo de estrear, o filme Joker se mostra condizente com sua expectativa.

O drama baseado na origem do arqui-inimigo de Batman nos faz acompanhar a jornada do sofrimento e descoberta de Arthur Fleck, palhaço animador de festas com mais de 30 anos, que ainda mora com sua mãe no subúrbio de uma Gotham City oitentista e marginalizada. Apesar das agrúrias, que não são poucas, Fleck sonha em ser um comediante famoso, uma vez que sua mãe idosa e doente lhe incutiu a ideia de que nasceu para alegrar as pessoas.

Mas como disse anteriormente a jornada de Fleck é uma jornada de descoberta sobre si mesmo, algo que o diretor Todd Phillips desde o início da obra nos mostra o quanto é difícil. Pois a cada surra que o protagonista recebe, a cada ato impensado que leva a outro erro, a narrativa faz o espectador desenvolver empatia pelo sofrido Arthur.

Entretanto, estes desacertos em sequência na vida de Fleck não estão simplesmente ligados para a queda, tal qual uma carreira de dominós. Não amigas e amigos leitores, eles levam como por mágica ou pela mesma entropia do caos, para o nascimento de um movimento popular e crítica social.

A partir do momento que Fleck decide revidar ao bullyng sofrido por 3 jovens no metrô, vindo a matá-los, a mídia predatória de Gotham transforma o incidente numa discussão sobre luta de classes, fazendo com que os milhares de sofridos e excluídos sociais formem manifestações contra os ricos, adotando a imagem de palhaços.

Enquanto isso, Arthur Fleck descobre segredos de seu passado, sobre a sanidade de sua mãe e... (Essa parte é boa), por não conseguir mais seus medicamentos por corte de orçamento da prefeitura, aceita e abraça sua esquizofrenia. Ou seja, além de sua demissão, surras, assassinato, mentiras do passado, ele descobre que até as poucas coisas boas de sua vida eram invenções de sua mente doente.

Ponto alto da trama é o desabafo de nosso anti-herói durante sua participação no talk show de Murray Franklin (Roberto Deniro) onde sintetiza em seu discurso a aversão pela desigualdade das pessoas de Gotham e a ineficiência do poder público com os mais carentes, culminando com o homicídio a sangue frio do apresentador do programa de forma televisionada.

Cenas fortes de violência física e psicológica são momentos marcantes na trama, e o que levou o longa à classificação etária de 16 anos. Impactantes e verossímeis algumas vezes nos fazem pular da cadeira.

Ademais, o trabalho de atuação de Joaquin Phoenix está esplêndido. Com todas as nuances necessárias nas expressões corporais, faciais, de voz e de gestos. A criação de um Coringa com uma risada incontrolável e uma dança excêntrica em momentos de excitação foi fantástica. Você com certeza vai embarcar na “viagem” de Joker nestes momentos.

A direção de arte assinada por Mark FriedBerg está ótima. Nos mostrando uma Gotham escura e de matiz cinza, por vezes com outras cores mortas. A cenografia e produção que contam com Bradley Cooper e Emma Tillinger Koskoff é inspirada num subúrbio pobre americano da década de 1980 para representar a cidade.

A trilha sonora nos arremete a clássicos hollywwodianos do início do século XX, transitando para um violino com uma pegada eletrônica nas cenas de êxtase de loucura de Fleck. Ambos condizentes com os sonhos e delírios do protagonista. Momentos que são convites a arrepios nas costas.

Não queria chegar ao ponto de comparar o trabalho de Joaquin Phoenix com o de Heath Ledger ao interpretarem o mesmo personagem, pois Ledger marcou mesmo não tendo um filme solo, portanto com menos tempo de tela. Mas devo dizer que Phoenix honrou o manto do Coringa com uma interpretação indiscutivelmente memorável. Tornando assim o filme Joker um filme para se emocionar e refletir de diversos modos.


  1. Informações
Título Original: Joker
Data de lançamento: 3 de outubro de 2019 (2h 02min)
Direção: Todd Phillips
Elenco: Joaquin Phoenix, Robert De Niro, Zazie Beetz
Gênero: Drama
Nacionalidades: EUA e Canadá

Memezeiro, escritor, pai e amigo de um magote de fuleiro. CEO do EagoraCast Podcast, parceiro Callango Nerd.


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