É isso aí, querido nerd! Nove anos após o último filme da franquia MIB,
(3º filme lançado em 2012), inspirada na obra do escritor norte-americano Lowell
Cuningham, “The Men In Black”, a SONY tira do forno o 4º filme e aposta em Chris
Hemsworth e Tessa Thompson (Vingadores: Ultimato, 2019) como
protagonistas. E o que achamos disso?
Segundo notícias veiculadas durante o processo de concepção da ideia, com
a opção de Will Smith (Aladdin, 2019) e Tommy Lee
Jones (Jason Bourne, 2016) de não mais participar da franquia, Jonah
Hill (Como Treinar o Seu Dragão 3, 2019) e Channing Tatum (Kingsman:
O Círculo Dourado, 2017) seriam os atores escolhidos para estrelar o MIB 4,
mas parece que o efeito causado pela parceria entre os dois últimos rei e
rainha de Asgard chamou mais a atenção do
novo diretor.
Sim! Novo! A claquete de MIB: Internacional (2019) está agora
nas mãos de Felix Gary Gray (Velozes & Furiosos 8, 2017), que
assume após o histórico de Barry Sonnenfeld (Lemony Snicket –
Desventuras em Série, 2017-2019). Mas ainda temos Sonnenfeld e Steven
Spielbeg (Jogador Nº 1, 2018) na produção executiva. Com
efeito, não é de surpreender que mudanças de estilo haveriam de acontecer. Mas
isso é uma coisa boa? Vejamos:
A primeira grande mudança que se nota é a presença inegavelmente
ostensiva, já no cartaz, de Tessa Thompson (Agente M). Com M – de mulher!
–, Tessa assume não apenas o lugar de Will Smith (agente J) como novata em
brilhante ascensão na MIB, mas também instaura uma perspectiva de que muito
ainda pode acontecer na agência de vigilância mais secreta da terra, sobretudo
agora que a trama se internacionaliza (com desenvolvimento nas sedes dos EUA e
Londres).
A garota não apenas afirma categoricamente sua posição, como também
questiona – mesmo que de maneira descontraída – ao lado de Emma Thompson
(novamente como Agente O) a centralidade masculina na MIB, a começar,
obviamente, pela sigla da instituição... afinal, por que Men
In Black?
De fato, a sigla “MWIB” (Men & Women In Black) não venderia
muito bem na logo, então o questionamento sobre a sigla permanece com efeito simbólico,
mas rende, na prática, alterações efetivas no eixo paradigmático da trama, nesta
4ª narrativa, com homens e mulheres com o mesmo poder de atuação, igualmente funcionais,
apesar de a presença masculina ainda ser preponderante em termos quantitativos.
Ainda é difícil – ou impossível – dizer que tal mudança de nomenclatura
pode, de fato, ocorrer um dia, visto que nesse aspecto, em termos práticos,
acaba sendo desnecessário. Mas o que já obtivemos, do ponto vista
representativo feminino, neste MIB 4, já nos deixa bastante animados.
Uma outra mudança que se nota é a inversão dos papéis de agentes “responsável”
x “desleixado”. Se em MIB 1, 2 e 3, o primeiro valor cabia ao veterano (agente
K) e o segundo ao novato (agente J); em MIB 4, os valores dos papéis se invertem
no quadro axiológico, e o agente veterano H (Chris Hemsworth) se mostra desleixado
e piadista – claramente um componente trazido do que foi visto em Thor. Mas... mal
acostumados que fomos por Jones e Smith, leva um tempo até aceitarmos o fato de
H ser o trapalhão e M o gênio. O mal estar se dá não em razão de M não ser uma
agente descuidada, mas de H o ser em excesso. Não obstante, acabamos por aceitar que o fato constitui uma característica dessa nova fase...
Entretanto... Ainda não temos certeza se os excessos de H teriam ou não
uma motivação estratégica, já que em alguns momentos percebemos claramente que
não fomos apenas nós, espectadores, que estranhamos o comportamento de H. Com
efeito, algumas personagens plano (do tipo que aparece sem grandes
aprofundamentos) também aparentam “estranhar” o estado comportamental atual do
agente. Isso pode significar – tomara! – que outros filmes virão para nos dar
respostas sobre o que pode ter acontecido antes do momento da narrativa apresentada no filme (juro que estamos evitando spoilers, caro nerd), tal como ocorrido em MIB 1 e MIB 3.
Não podemos afirmar nada ainda, mas se a fórmula funcionou uma vez...
Em MIB – Internacional, o enredo é caracterizado pelo enfrentamento de
uma aparente ameaça da Colmeia, em que H e M precisam descobrir o que está
por trás do assassinato de um diplomata alienígena e garantir que o prejuízo
não acabe por causar também a destruição da Terra. Nessa empreitada, os agentes
encontram inimigos dentro e fora da MIB.
Os roteiristas Matt Holloway e Art Marcum (Transformers:
O Último Cavaleiro, 2017 e ambos criadores da ideia original para este filme) mergulham de
cabeça na tradicional mistura de ação e humor da franquia MIB e nos dá doses boas de riso e adrenalina, trazendo personagens
curiosíssimas – o que não é muito difícil em se tratando de filme de aliens
– com características bastante peculiares. Neste, Sérgio Mallandro,
tal como Andy Warhol, Lady Gaga, Tim Burton e Justin Bieber em versões
anteriores, é revelado como ET – o que, parafraseando a agente M, “faz muito
sentido”.
Infelizmente, no que diz respeito à ação, não é possível ver no longa o
total desempenho físico de Tessa Thompson como agente M. Sabemos do potencial
da atriz, e torcemos o tempo inteiro para vê-la descendo o coro em alguém, mas isso
acaba não acontecendo, pelo menos não com a frequência e intensidade que gostaríamos...
e quase todas as cenas de ação mais intensas ficam por conta do agente H. O que
é uma pena, visto que de certa forma acaba por parecer um pouco forçosa a
exploração do perfil loiro alto bombado de olhos azuis em detrimento do
desempenho de M, morena empoderada e perfeitamente capaz de quebrar muitas
preulas ao meio.
Daí a um outro ponto que nos pareceu frágil, que foi a
“rápida” ascensão de M como agente da MIB. Tudo bem, tudo bem..., sabemos que
ela passou 20 anos se preparando (você não leu isto aqui!), desde um encontro inusitado com um alien na
infância..., mas ficamos com um gostinho de acompanhar um treinamento formal
dela após/antes de ser aceita pela agência. Vimos isso funcionar muito bem em
Kingsman, por exemplo...
Esse desejo aumenta consideravelmente quando lembrarmos que, afinal de
contas, sabemos do histórico de “bom mestre” (esse termo aqui é bastante
relativo) que possui nosso querido Liam Nesson (o homem treinou Obi-Wan
e Batman, né...) que aparece na trama como agente T, responsável pela chefia da
sede londrina da MIB. Mas..., em vez disso, vemos M num minuto sentada pra
interrogatório, prestes a ser neuralizada, e no outro com terno preto. Mas é
certo que isso acaba não atrapalhando nem desmerecendo o conjunto da obra, apenas surge como algo que “poderia ter
sido”...
Ainda é cedo para dizer se essa nova fase da franquia, sem Smith e Jones,
alcançará o mesmo patamar de sucesso dos (já clássicos) filmes anteriores, mas
é certo que parece ter potencial suficiente pra isso. Bom roteiro, luxuosos efeitos especiais, bastante (e põe bastante nisso!) carisma por parte
de Tessa e Chris, cujos efeitos dessa parceria todos nós conhecemos bem.
No mais, é preciso ainda dedicar aqui um parágrafo à sabedoria de Will Smith e Tommy Lee Jones que optaram por não continuar na franquia. De fato, a propósito do que se viu na versão em desenho animado de MIB (1997-2001), conteúdo não falta para ser explorado e as possibilidades de desenvolvimentos são infinitas. Afinal, quantos mistérios há entre nosso planeta e (os nove reinos) o resto do universo? No entanto, sabemos o quão desgastante e saturada pode se tornar uma franquia eterna que não se atualiza. Talvez as figuras de Will e Tommy nesse novo filme trouxessem aquela nostalgia agradável no primeiro momento, mas junto com ela viria talvez o espinhoso sentimento de que clássico que é clássico, fica melhor assim... E devemos deixar K e J no estado em que devem estar os bons agentes aposentados: neuralizados, mas eternizados.
Bom, dito isto, se você ainda tem dúvidas se vale a pena ou não ir conferir pessoalmente... curto em linhas que está este último parágrafo, é justamente nisto que se revela o propósito dele, que é tão somente sintetizar: fique tranquilo e vai fundo, digníssimo nerd!
- Ficha técnica
Título Original: Men In Black International
Gênero: Ação, Ficção Científica
Data de lançamento: 13 de junho de 2019
Duração: 1h 55min
Direção: Felix Gary Gray
Produção: Walter F. Parkers, Laurie MacDonald, Steven Spielberg (executivo), David Beaubaire (executivo), Barry Sonnenfeld (executivo)
Roteiro: Matt Holloway, Art Marcum
Trilha Sonora: Danny Elfman
Elenco: Tessa Thompson, Chris Hemsworth, Liam Neeson, Emma Thompson, Kumail Nanjiani, Rafe Spall, Rebecca Ferguson
Nacionalidade: Estados Unidos
Principais Empresas Envolvidas: Sony Pictures, Columbia Pictures,
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