E aí "negada"! Finalmente saiu esse filme tão esperado, It: A Coisa. Depois de muita gente ter esfregado na minha cara que já tinha assistido o filme e eu não, fui conferir com meu "parça" Ronald Luis do Cinema e Arte, esse “fodástico” remake. Sem “leruaite” vamos partir para o que interessa.
- INFORMAÇÕES
Distribuidor: WARNER BROS.
Ano de produção: 2017
Data de lançamento: 7 de setembro de 2017 (2h 15min)
Direção: Andy Muschietti
Elenco: Bill Skarsgård, Jaeden Lieberher, Finn Wolfhard mais
Gêneros: Terror, Suspense
Não recomendado para menores de 16 anos
Nacionalidade: EUA
O filme acompanha a história de sete crianças em Derry, uma típica e pacata cidade dos EUA, formando o autointitulado "Clube dos Otários". A rotina da cidade é abalada quando crianças começam a desaparecer e tudo o que pode ser encontrado delas são partes de seus corpos. Logo, os integrantes do "Clube dos Otários" acabam ficando face a face com o responsável pelos crimes: o palhaço Pennywise.
Adaptar uma obra de Stephen King é um grande desafio para qualquer diretor, e com Andrés Muschietti não foi diferente. O diretor teve que abordar diversas temáticas dentro do filme. Retratar uma história ambientada nos anos 80 com todas as suas características. Apresentar sete crianças diferentes, abordando o vínculo familiar e o medo de cada um de forma específica. Desenvolver o clima assustador e misterioso envolvendo o palhaço Pennywise, e sua capacidade de mudar de aparência de acordo com o medo de sua vítima. Detalhar a apatia dos adultos em meio aos diversos casos de sumiço de crianças. Abordar a temática High School e todo o contexto de bullying, relacionamentos amorosos em meio a climas de terror e tensão.
Diante de todos esses desafios o diretor Andrés Muschietti nos apresenta um material primoroso. Uma verdadeira montanha russa bem articulada, intercalada entre cenas de terror intenso e o alivio cômico por parte do “Clube dos Otários”. Essa mudança de clima brinca com os nervos do público que ri em um momento e se assusta em outro logo em seguida.
As cenas que envolvem Pennywise me deram um certo incômodo. Dois dos meus medos de infância estavam ali na minha cara: Palhaços e quadros que ganham vida. Eu tinha pesadelos com isso quando criança. Isso me deixou encurralado na cadeira e apertando os suportes de copos nos braços diversas vezes, sério. Em outros momentos eu estava sentado na ponta de forma apreensiva. Esse filme mexeu comigo. A forma que Pennywise age é algo que nos deixa confuso e sem saber o que é ou não real. Até mesmo os personagens ficam com mesma sensação, pois existem momentos em que ele se transforma nos medos dando a sensação de que é apenas uma ilusão, e em outros momentos tudo é bem palpável. Pennywise é a combinação perfeita entre o fantasma e o assassino.
Quando vi a primeira imagem do Pennywise na internet, não fiquei muito convencido, mas assistindo ao filme fiquei impressionado com a interpretação multifacetada de Bill Skarsgaard, numa combinação de sedução e loucura de um palhaço assassino perverso e imprevisível que consegue encantar crianças sozinhas para conseguir cumprir seu maléfico plano. A cena inicial estampa perfeitamente isso (Pop, pop, pop).
O fantasioso e o realismo sombrio se misturam de forma perfeita, assim como as cenas de completa inocência e brincadeiras das crianças se misturam com a total crueldade das cenas de violência visceral. Cenas de tensão como as de bullying e de violência infantil, como no caso de Beverly (Sophia Lillis) e seu pai, se misturam com o clima romântico de jovens descobrindo o primeiro amor.
O elenco foi muito bem escolhido e dirigido. O Clube dos Otários é formado por um grupo de minorias e deslocados que funcionam muito bem. Um gago, um garoto com óculos fundo de garrafa, um gordinho, um negro, um garoto judeu, um garoto sempre doente, uma garota “sexualizada” por causa de sua beleza. Finn Wolfhard (Stranger Things) é o maior responsável pelo alívio cômico, sendo aquele típico troll da escola que faz piadas em momentos inoportunos. Tipo o Chandler Bing de Friends. A maior surpresa mesmo é Sophia Lillis, a única garota do grupo, tendo uma capacidade expressiva notável podendo transmitir toda a sensação e sentimento da uma cena com simples gestos ou apenas um toque de olhar, algo que me lembrou muito Andy Serkis como Cesar e Gal Gadot como Mulher-Maravilha.
O filme apresenta toda a temática “oitentista” sem o saudosismo de Stranger Things e suas referências. Aliás, se você ver alguém dizendo que It copiou Stranger Things, dê um "sabacú" nele pois Stranger Things sim tem referências clássicas das obras de Stephen King, sendo It uma delas. Os cenários e figurinos são impecáveis, até parece que eu estava assistindo um filme gravado na época.
O filme é longo, mas nenhum pouco cansativo e o seu desenvolvimento é coeso e impecável. A trilha sonora sombria auxilia perfeitamente na composição do clima de terror. A única coisa que me incomodou foi a utilização demasiada de CGI nas cenas de susto, tornando Pennywise mais assustador sem elas, mas nada tão grave que tire o brilho dessa bela obra.
Respondendo ao título do post, sim, vale e muito a pena assistir. Não é um filme de grandes sustos ou de um terror absoluto, mas é um filme que provoca um incomodo particular onde cada espectador acaba tendo uma impressão diferente. Acredito que esse foi o principal objetivo do diretor. Se eu tivesse visto esse Pennywise quando era criança eu não teria aversão a palhaço e sim um completo pavor.
- GALERIA
0 Comentários