Assisti a série inteira, e o sentimento do começo ao fim foi o mesmo: frustração. O roteiro é fraco, os personagens são desinteressantes e a construção da protagonista beira o amadorismo. A série tenta se sustentar em frases de efeito, estética colorida e promessas de relevância, mas não tem substância. O resultado é uma produção que parece feita só pra marcar presença no catálogo da Marvel, sem alma, sem impacto e sem merecimento.
A protagonista, Riri Williams, é um caso à parte — e não no bom sentido. Ela é o retrato clássico da Mary Sue: sabe tudo, resolve tudo, tem todas as respostas e nenhum conflito interno real. A personagem é egocêntrica, vive se afirmando como genial, como especial, como alguém à frente do seu tempo… mas nunca mostra isso de verdade. Fica repetindo quem ela é, como se quisesse convencer o público à força. Só que quem realmente é, não precisa dizer o tempo todo. Simplesmente é.
O que torna tudo ainda mais frágil é que, apesar de querer ser única, tudo o que ela faz é emular o que já existe. A armadura dela? Cópia da do Stark. A inteligência artificial? Baseada em Wakanda. A personagem vive num eterno "ctrl+c, ctrl+v" tentando bancar a visionária. É incoerente. Querem nos vender a imagem de alguém original, mas não existe nada de autêntico naquilo que ela representa.
Pra piorar, a série ainda tenta rebaixar o legado do Tony Stark, como se isso fosse necessário pra destacar a nova geração. Repetem a todo momento que ele só chegou onde chegou por causa do dinheiro. Esquecem — ou ignoram — que ele construiu a primeira armadura preso numa caverna, com sucata, sem apoio nenhum. Ninguém da própria empresa conseguiu replicar aquilo. E aí vem uma personagem baseada na tecnologia dele querendo desmerecer o cara? Forçado, gratuito e desrespeitoso com o legado do MCU.
A trama é tão sem força que apelam pra colocar o Mephisto no meio da história — personagem há anos especulado pelos fãs — numa tentativa desesperada de gerar engajamento. E sabe o que é mais absurdo? Ele é a única coisa que realmente funciona. Sacha Baron Cohen entrega o único personagem com peso, presença e talento real. É o único momento em que você vê alguma coisa na tela que não parece genérica.
O vilão Capuz? Mal desenvolvido. Os coadjuvantes? Descartáveis. O tom da série? Confuso — fica entre tecnologia, magia, luto e fan service, sem acertar em nada. É como se tivessem jogado ideias aleatórias num balde e filmado o que sobrou.
E tem mais: Riri Williams nunca teve relevância real nem nos quadrinhos. Sempre foi uma personagem que existia mais pela intenção do que pela execução. Nunca teve grande base de fãs, nunca teve arcos impactantes. E ainda assim, virou série. Pra quê? Porque alguém achou que bastava ela estar ali pra importar?
Não é sobre representatividade. É sobre qualidade de construção. Não fizeram isso. Fizeram vitrine. E quando não tem conteúdo por trás da vitrine, o público percebe.
Coração de Ferro é um produto vazio. Não emociona, não inspira, não empolga. Tenta parecer algo importante, mas só repete ideias melhores que vieram antes. Não tem impacto, não tem identidade. E principalmente, não tem motivo pra existir.
Ruim com força!
Marcio Oliveira 2,0
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